O papel do rádio na propaganda do governo de Getúlio Vargas.

   Já vimos o rádio nas primeiras décadas do século  XX, alcançou muita popularidade. Além servir para o entretenimento, isto é para o lazer e a diversão, foi um instrumento poderoso para a difusão de idéias. Em outras palavras, foi utilizado como meio de propaganda política.
  A propaganda política foi fundamental para a manuteção do poder, durante os anos de governo de Getúlio Vargas quando chegou á presidência, Vargas criou o departamento oficial de publicidade (1931) logo depois criou o departamneto de propaganda e difusão cultural-DPDC (1934). No estado novo o DPDC transformou-se no departamento nacional de propaganda-DNP (1938). No ano seguinte, o DNP virou o DEPARTAMENTO de Imprensa e Propaganda-DIP. 
  Getúlio Vargas achava a propaganda importante para os negócios políticos. O rádio, nesse contexto, serviu de suporte aos interesses do governo. Desde o ano de 1934, tornou se obrigatória a transmissão do programa Hora do Brasil, atual Voz do Brasil.Com duração exatos de 60 minutos, o programa oficial buscava informar os ouvintes e enaltecer a pátria e o programa ficou conhecido como "O fala sozinho".
  As autoridades impunham que as músicas teriam que atender aos interesses do governo. Algumas músicas criticavam de maneira debochada, nos rádios brasileiros , nas décadas de 1930 a 1950, podemos citar algumas músicas, como Teu cabelo não nega, de Lamartine Babo. Outro tema que foi bastante retratado foi a figura do malandro, em Conversa de botequim, composta por Noel Rosa e Vadico. 
  Letra da música:

 Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa                     Não se esqueça de me dar palito
 Uma boa média que não seja requentada,                              E um cigarro para espantar mosquito
 Um pão bem quente com manteiga á beça,                            Vá dizer ao charuteiro que me empreste
 Um guardanapo e um copo-d' água bem gelada                       Umas revistas, um cinzeiro e um isqueiro

 Fecha a porta da direita com muito cuidado                           Telefone ao menos uma vez para 34-4333    
 Que não estou disposto a ficar exposto ao sol                        E ordene ao Seu Osório
 Vá perguntar ao seu freguês do lado                                      Que me mande um guarda- chuva
 Qual foi o resultado do futebol                                               Aqui pro nosso escritório

 Se você ficar limpando a mesa                                               Seu garçom, me empreste algum dinheiro
 Não me levanto e nem pago a despesa                                  Que eu deixei o meu com o bicheiro
 Vá pedir ao seu patrão                                                          Vá dizer ao seu gerente                            
 Uma caneta, um tinteiro, um envelope e um cartão                 Que pendure essa despesa 
                                                                                              No cabide ali em frente [...]

  O samba da legitimidade, que homenageava e exaltava a figura do operário, o qual deveria ser um bom trabalhador e não um boêmio incorrigível que nada produzia surgiu para combater o malandro.
  A música chamada O Bonde de São Januário de Wilson Baptista e Ataupho Alves, que passou a ser tocada nos rádios com pequenas modificações imposta pelo DIP. A música O Bonde de São Jenuário, que levava mais um " sócio otário". O DIP não modificou muito a letra mas a mudança alterou totalmente o sentido da música, tornando-se um hino ao trabalho.Veja a música:
          
                                         Quem trabalha é que tem razão
                                         Eu digo e não tenho medo de errar
                                         O Bonde São Januário
                                         Leva mais um operário[sócio otário].
                                         Sou eu que vou trabalhar

                                         Antigamente eu não tinha juízo
                                         Mas resolvi garantir meu futuro
                                         Veja você:
                                         Sou feliz, vivo muito bem
                                         A boemia não dá camisa a ninguém[...]

  Além da exaltação ao trabalho, o governo Vargas também buscou, por meio de músicas, exaltar á "a pátria amada".
  Carmen Miranda difundiu a cultura brasileira nos Estados Unidos que apoiada por Getúlio Vargas, fez uma temporada em Nova Iorque.Quando voltou, os brasileiros nacionalistas a receberam friamente. Triste com a recepção despediu se do Brasil cantando Disseram que eu voltei americanizada, de Luiz Peixoto e Vicente Paiva. Veja a composição:

                                      Disseram que eu voltei americanizada
                                      Com o burro do dinheiro, que estou muito rica
                                      Que não suporto mais o breque do pandeiro
                                      E fico arrepiada ouvindo uma cuíca [...]

 Dessa forma os rádios brasileiros foram tocando a música popular brasileira e, ao mesmo tempo, fazendo propaganda para o governo de Getúlio Vargas. Era a epóca do "Brasil brasileiro, o Brasil do meu amor, terra de nosso senhor", como dizia a letra de Aquarela do Brasil de Ary Barroso.
 Aquarela do Brasil foi uma das músicas mais executadas no século XX em todo mundo.